quinta-feira, 18 de março de 2010

Custe O Que Custar, a censura entra no ar

Antes de mais nada, gostaria de pedir desculpas aos leitores do "Indigestão Midiática", pela ausência de posts nas últimas semanas. Não faltam assuntos, apenas tempo (posso assegurar a Terra anda girando mais rápido, e por alguma mágica os relógios a acompanham...).
Mas essa semana, uma notícia muito indigesta veio ao encontro da minha disponibilidade: a censura feita ao quadro "Proteste Já", do programa "CQC". A exibição de reestreia (segunda-feira, 15) acabou sendo incompleta, devido a uma notificação judicial movida pela Prefeitura de Barueri (SP). Motivo da proibição: o quadro iria mostrar como foi que uma televisão doada a uma escola municipal foi parar na casa da diretora da instituição. O aparelho foi localizado porque continha um GPS dentro.
Não convém agora despejar críticas à tal diretora. Com base em sua atitude, inferimos que também não deve faltar lápis de cor para os filhos dela brincarem (será que ela vai querer me processar por causa disso também?). Só lamento que a qualidade do ensino no Brasil consiga a "proeza" de piorar, por causa de atos covardes como esse.
Mas acredito que o problema maior esteja na arbitrariedade, ou censura prévia, como já foi definido. Há muito tempo que observo a utilidade pública das denúncias apresentadas por Rafinha Bastos, na Band. Independente de poder ou não ser classificado como jornalismo, o fato é que o CQC faz o que muitos jornalistas já se esqueceram: defender o interesse público (como se isso fosse apenas um detalhe da profissão). E, quando finalmente vemos na TV uma atitude "agradável ao estômago", a nostalgia dos tempos ditatoriais fala mais alto e, novamente, temos que engolir a seco. O argumento de que os protagonistas da reportagem "não tiveram direito de resposta" também não procede. Até onde sabemos, o apresentador sempre disponibiliza um microfone e uma câmera aos acusados, instrumentos suficientes para defesa (ou para não deixar nenhuma dúvida sobre a culpa estampada nas "caras-de-pau"!).

Espero, sinceramente, que justiça seja feita; que o CQC continue dando sua contribuição à socidade e exigindo a satisfação que esquecemos de cobrar. Pode não parecer, mas o Brasil também precisa dessa coragem. A ditadura passou, mas tenho a impressão de que, naquele tempo, as pessoas tinham mais forças para enfrentar as arbitrariedades, do que hoje. Se for pra voltar ao passado, que seja, então, nesse sentido.

Leia aqui a matéria sobre a censura feita ao programa.
Foto: Blog Bonito Pantanal

PS: Depois desse post, soube que foi concedida permissão para exibição do quadro, na próxima segunda (22). Thank God!