Quando Caetano Veloso compôs a canção "Haiti", o tom de protesto já deixava evidentes problemas que muita gente só consegue enxergar agora. E, mesmo assim, com uns oito graus de miopia. O terremoto que matou 200 mil pessoas, em um país que já não tinha nada, abriu os olhos do mundo para ver que "tragédia pouca é bobagem".
As imagens são realmente impressionantes e mobilizam pessoas de todo lado do planeta para tentar minimizar o sofrimento incalculável que toma conta da capital Porto Príncipe (digo incalculável porque a maioria de nós seria hipócrita em dizer que imagina o tamanho da dor). Postos de arrecadação chegam a não suportar a quantidade de doações destinadas aos haitianos.
As imagens são realmente impressionantes e mobilizam pessoas de todo lado do planeta para tentar minimizar o sofrimento incalculável que toma conta da capital Porto Príncipe (digo incalculável porque a maioria de nós seria hipócrita em dizer que imagina o tamanho da dor). Postos de arrecadação chegam a não suportar a quantidade de doações destinadas aos haitianos.
Mas... será que é suficiente? Quando Santa Catarina enfrentou uma tragédia climática, o volume de alimentos enviado ao estado foi tão grande, que toneladas de comida se perderam na putrefação. Que fique claro: nem de longe quero menosprezar a importância da solidariedade nesses momentos. Mas se existe, assim, tanto recurso disponível, por que a pobreza é crônica em nosso país (também)?
No momento, a mídia é dada completamente ao terremoto no Haiti. E, realmente, a dimensão das perdas é notícia sem tamanho. Mas, que não nos esqueçamos: o que a TV mostra é o que a TV consegue ou quer mostrar. Consequentemente, o que vemos e sabemos através dela é insignificante em relação ao que ocorre em todo lugar a cada momento. E, restritos à tela, ignoramos muito do que faz parte da nossa própria realidade.
O Haiti está vivendo o fim, não resta dúvida (mesmo que haja uma forma de recomeçar). Mas vamos esperar que o mesmo aconteça por aqui, para agir contra nossa própria miséria? Ela não deveria instigar reação? A carência não está só no nordeste ou nas capitais. Está no interior do Mato Grosso, no norte de Minas e na sua cidade, por mais tranquila que ela possa parecer. A pobreza é, certamente, um mal que contamina o país afora. No entanto, ela só chega a tamanha gravidade por causa de um outro tipo: a pobreza de espírito das pessoas dissimuladas, alheias. Comecemos combatendo essa categoria. O Haiti está aqui mesmo. Nós é que parecemos não estar.
Escute a música de Caetano Veloso
Foto: crianças brasileiras em trabalho forçado
O Haiti está vivendo o fim, não resta dúvida (mesmo que haja uma forma de recomeçar). Mas vamos esperar que o mesmo aconteça por aqui, para agir contra nossa própria miséria? Ela não deveria instigar reação? A carência não está só no nordeste ou nas capitais. Está no interior do Mato Grosso, no norte de Minas e na sua cidade, por mais tranquila que ela possa parecer. A pobreza é, certamente, um mal que contamina o país afora. No entanto, ela só chega a tamanha gravidade por causa de um outro tipo: a pobreza de espírito das pessoas dissimuladas, alheias. Comecemos combatendo essa categoria. O Haiti está aqui mesmo. Nós é que parecemos não estar.
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Foto: crianças brasileiras em trabalho forçado
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