Preconceito é daquele jeito: todo mundo acha que não tem, só porque tem um colega "pretinho" gente boa, ou coisa assim. Mas basta estar diante de algo exótico, que a rejeição logo estampa na testa. Vamos ver o que o internauta vai achar nesse caso...
Maurício de Sousa causou polêmica com a sexta edição da revista Tina (veja imagem no site Omelete, antes de prosseguir). Embora o autor diga que a interpretação cabe ao leitor, temos de convir que todo mundo conclui que o personagem é mesmo homossexual, vide a cara de espanto do namorado de Tina. Daí surge a questão: este conteúdo é adequado aos leitores da revista? Partindo do pressuposto de que os personagens da Turma da Mônica são apreciados por crianças, você ofereceria a revista a seu filho? Confesso que não sei se posso responder com toda a certeza. Talvez sim, porque pretendo dar aos meus uma educação que permita uma interpretação "natural" do assunto (embora na prática isso não seja tão simples). Talvez não, porque poderia confundir sua cabeça. Talvez sim, porque crianças não entenderiam a história... bem, isso combina com o próprio argumento de Maurício de Sousa: de que o público da revista Tina é jovem, diferentemente dos pequenos que leem Mônica, Cebolinha, Cascão...
Nesse caso, já mudamos de pressuposto: e se os leitores de Tina são mesmo "adultos-jovens", como afirma o autor? Creio que a intenção das histórias é educar entretendo, promover um entendimento das diferenças. Você que leu revistinha a vida inteira, já encontrou alguma coisa de errado nos personagens da Turma? Eu também não. Mas há quem alegue existir uma "apologia" ao homossexualismo no contexto. Isso é absurdo. Primeiro, porque a referência é sutil. Segundo, porque não há como fazer apologia em um caso como esse. Ninguém escolhe se quer ou não ser gay. Ou é ou não é! Uma história em quadrinhos define isso? Claro que não, nem nunca vai definir.O máximo que pode acontecer é estimular alguém a "sair do armário". E isso é ótimo: pessoas que se assumem são comprovadamente mais felizes.
Acho que estamos nos precipitando, especialmente por se tratar de alguém com tanto crédito como Maurício de Sousa. O que ele fez foi representar o que acontece diariamente em qualquer lugar. Em conjunto com uma boa educação, isso pode preparar muitos adolescentes a encarar as diferenças de outra forma. Não precisamos de gente pra queimar índios pataxós por aí, obrigada. E se gosto realmente não se discute, respeito é fundamental.
Foto: Omelete
Foto: Omelete