quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Orgulhosamente covardes


"Elisa, por que você não fala do Brasileirão no seu blog?" foi a pergunta que um leitor (bastante crítico, aliás) me fez. De início, pensei em responder: "porque não seria agradável, a 100% dos internautas, ver mais um vangloriando o Flamengo". Mas não foi o que eu disse a ele. Não abordaria o tema porque, até então, o Campeonato estava sendo bem digerido. Exceto os engasgos diante da selvageria nos estádios, mas que já não espantam, apenas repelem para longe. Por isso, respondi apenas que se eu fosse refletir sobre o futebol, acabaria chegando à conclusão de que, por um time, não vale colocar em risco nossa saúde cardíaca.
Então veio o episódio do estádio Couto Pereira, que sofreu interdição após vandalismo e tentativas de assassinato (convenhamos!) dos torcedores (denominação afável para designar os doentes mentais que praticaram a ação). E as imagens sensacionalistas, aproveitadas inúmeras vezes para decolar a audiência, ganharam uma finalidade mais nobre: identificar os agressores. Incrível como ninguém pensou nisso antes. Mas em um dos casos, nem precisava... um coritibano estava na academia, se orgulhando da "coragem" exibida no estádio, sem sequer imaginar que um PM estava no local, ouvindo tudo (leia no Globo). Pois, sim. O rapaz estava se orgulhando! Desenvolvendo os músculos, atrofiando o cérebro... o tipo de pessoa que tem muita contribuição para oferecer ao mundo, certo? Ele não foi ao estádio para torcer. Foi lá para exacerbar um espírito enrustido de diabo da tasmânia ou sabe-se lá o quê. E tudo isso por trás do "argumento" de torcedor.
O Brasil é o país do futebol por seu mérito, por sua habilidade. Pela paixão que une os amantes de um  clube no mesmo tom. Promove uma força invisível, mas que sempre se reflete nas chuteiras do gramado. Não há como negar, mesmo sendo piegas. Pena haver quem utilize essa união para fins desprezíveis. A união que faz a beleza de um estádio também é a união que encoraja os covardes. Como o rapaz, referido acima. Peça-o para avançar sozinho e, depois, quem sabe, haverá um motivo para se orgulhar. Seria melhor, mesmo, ter se preparado assim. Pois numa cela superlotada, é isso mesmo que ele vai ter de fazer.

Um comentário:

  1. Quando li em seu texto a palavra "repelir" me identifiquei na hora, pois foi exatamente essa a minha reação. Estava acompanhando os jogos quando ao serem transmitidas as imagens, não consegui ficar perto, tive que sair da sala. Não há palavras para classificar essas atitudes e, muito menos, os agentes.

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