segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nova pílula do dia seguinte... pra diminuir o número de abortos?


A questão da pílula do dia seguinte só não é mais complexa porque, no Brasil, ela é um medicamento legalizado. Pode ser adquirida em qualquer farmácia, a um custo baixo. E desse aspecto, parece que as pessoas subentendem a frase "pode usar à vontade, minha filha". Com isso, todo mundo que transa sem camisinha por aí se sente no direito de remediar a dor do arrependimento com uma pilulazinha que também funciona como calmante para as horas de desespero. Só que o buraco é mais embaixo.
Vi no Jornal do SBT, sexta passada (16), que uma nova pílula do dia seguinte está para entrar no mercado europeu. Em dose única, ela tem eficácia se tomada até cinco dias depois da relação sexual (a vendida no Brasil funciona até o terceiro dia), mas o consumidor só poderá adquiri-la com receita médica. Ufa! Menos mal. Esses europeus são mesmo sensatos. Mas, para minha decepção (ou dúvida), um pesquisador se pronunciou sobre a nova pílula. Para ele, as mulheres devem decidir sozinhas se tomam ou não, em cada caso, pois a liberdade de escolha "diminuiria o número de abortos". Nessa hora, eu me pergunto: mas a pílula do dia seguinte já não é um aborto por si só? Faz mesmo diferença matar um feto com cinco dias ou com um mês? A resposta envolve conhecimentos médicos, crenças espirituais e (por isso) polêmicas, que não cabem ser discutidas aqui (não agora). Mas na minha humilde ignorância sobre medicina, imagino que acreditar na vida somente quando bate um coração é não acreditar no reino vegetal como criaturas vivas. Aliás, nisso já não acreditam mesmo.
E admito que posso estar errada. Mas será que essa "liberdade de escolha" para tomar a pílula ou não, também não resultaria em imprudência e uso indiscriminado? Afinal, estariam disponibilizando, de bandeja, um instrumento que, abortivo ou não, comprovadamente prejudica o organismo feminino. Acho que o ponto principal está aí: a liberdade pode e deve, sim, ser oferecida. As "facilidades" da vida também. Mas, antes disso tudo: educação e instrução sobre o que está em jogo. Ninguém coloca uma  faca na mão de uma criança, pois se ela furar o olho de seu cachorro a culpa vai ser de quem a entregou o objeto. O mesmo acontece com a tal pílula. Se o povo não tem discernimento para sequer prevenir uma gravidez, o terá na hora de cometer um possível crime? Antes tarde do que nunca... que as "lamparinas do nosso juízo" se acendam e ascendam.
Foto: O Globo


Um comentário:

  1. É uma questão, sem dúvida, polêmica (mas como você escreveu, melhor não entrarmos em discussões mais profundas!) e até mesmo contraditória... é uma ação que requer muita responsabilidade e que aparece como "solução" para um ato irresponsável. Legal fazer os outros pensarem a respeito! Beijão

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