sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais pet shops do que padarias... por que será?


Visualize a seguinte cena: um mendigo rodeado de trapos sujos e alguns pertences de utilidade discutível, deitado no chão, sob um sol escaldante. Até aí, nada diferente do que se vê em toda cidade. A não ser por um detalhe: o travesseiro. Aquele mendigo atrapalhando a passagem num bairro nobre de Juiz de Fora chamava atenção por estar "utilizando" um cachorro para recostar a cabeça. O animal sequer se incomodava. Dormia tranquilo e sereno. Passei por eles e fiquei dividida entre um sentimento de pena e um sorriso enternecido. Escondi o sorriso, pois poderiam confundi-lo com deboche. Escondi também a vontade de tirar uma foto e compartilhar a cena com vocês, internautas. Então me limitei à descrição por palavras, embora corra o risco de pecar por inverossimilhança.
Assim, lembrei-me da conhecida máxima "quanto mais eu conheço os homens, mais gosto do meu cachorro". Traduz exatamente o que eu sinto quando ouço, por exemplo, que uma criança de poucos meses foi achada no lixo ou que um filho matou o próprio pai. Chega a ser ridículo de tão inacreditável. E, paralelamente, vejo uma cena dessas, como a do cachorro, "realizado", junto ao seu dono esfarrapado. O cachorro escolheu aquele homem como companheiro, não pelo que ele pode vir a receber com isso, mas porque se sente bem dessa forma. Sem querer parecer piegas, mas já sendo: quantas vezes nosso interesse não fala mais alto? Ou melhor, grita estourando tímpanos?
É por isso que não entendo por que "cachorro" é uma forma de ofensa. Não deveríamos nos sentir humilhados com tal referenciação, mas sim o próprio animal. O mesmo vale para nomes de pessoas em cachorros. Uma prova da importância desses bichinhos esteve nas bancas: em julho, uma das capas da Revista Veja apresentava matéria sobre o alto número de pet shops em São Paulo: são 6000 só na capital, o que supera a quantidade de padarias da cidade. Embora a revista não tenha a minha confiança no que se refere à credibilidade das notícias, neste assunto específico, não duvido da veracidade dos dados. Por que não? Simples: estamos percebendo que ter cachorro é ter seu esforço e carinho retribuídos invariavelmente. É claro que existem muitos ultrapassando a finalidade de cuidado, ao levar seu cão no pet, e agem assim como uma forma de exteriorização da própria vaidade. Mas acredito muito que os números também se refiram à maior valorização do animal. Isto me deixa feliz: saber que muitas pessoas têm o prazer de chegar em casa e assistir a uma intensa comemoração de seu cachorro, inevitavelmente, estejam elas voltando da guerra ou da casa do vizinho. Já dizia a Pedigree: cachorro é tudo de bom. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... enfim! Case com um deles e seja feliz para sempre.

Foto: pequeno Bidu (in memorian). Também conhecido como Cotôco, Toby e, ainda, Pudim. 

4 comentários:

  1. Mt boa essa matéria!
    Cachorro é só amor!
    Parabéns!

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  2. Ah irmãzinha,que saudade desse Biduzinho... tá lindo esse post. Concordo plenamente. O último, das mulheres no banheiro, é show! Nada até hoje havia conseguido traduzir com tanta perfeição os apertos que passamos por não podermos fazer xixi em pé. Beijos.

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  3. A mais pura verdade... Realmente, "cachorro é tudo de bom!". Saudade dos meus; aqueles que tive e aqueles de outras pessoas que adoto como sendo meus...´
    Beijos!
    ps: Fofíssimo o pequeno Bidu!

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  4. cachorro eh tdo d bom msm!!anjos sem asa literalmente!! kem me dera se as pessoas tivesse a humanidade de um cão!!bjuss

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