sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

COP 15 e o Verdadeiro Acordo


Se não me falha a memória, foi o ilustre Alexandre Garcia que declarou: “não há clima de acordo no acordo do clima”. A COP 15 chega ao fim, mas as divergências permanecem e, pelo jeito, estão apenas começando. Isso porque estão todos mais preocupados com quanto vão tirar do bolso e menos com as medidas que servem pra alguma coisa. Afinal, bom mesmo é aproveitar a praia... quando o câncer de pele vier, daqui uns 30 anos, a gente vê o que faz.
Mas, se os efeitos do famoso “aquecimento global” estão mesmo "longe", por que todos os dias a população de São Paulo se afoga? Por que a tranquilidade do velhinho de Catanduva (SP) foi interrompida por uma colossal pedra de gelo em um dia SEM chuva? Os tornados sempre frequentaram o Paraná? Bem... se o que vemos na TV hoje não é efeito do aquecimento (provocado por nós), São Pedro está profundamente aborrecido com a Terra.
Como a segunda hipótese é remota, receio concluir que a Conferência do Clima chegou tarde demais. Mas, antes tarde do que nunca, pensemos no que pode ser feito agora. Muito se discute sobre um fundo climático internacional, o que é muito importante, mas a médio ou longo prazo. E, paralelamente, pouca gente sabe o poder que tem uma boa propaganda. Digo propaganda no sentido real da palavra: propagação de ideias, princípios. Alguém se lembra da iminência de apagão no governo FHC? Pois então... ele nunca aconteceu. Graças à propaganda, à conscientização da população. É claro que em matéria de aquecimento global, a dimensão é mais grave. Mas fazer nossa parte, em nosso próprio país, cidade ou condomínio, é essencial (aliás, pra tudo!).
Quanta gente polui o meio ambiente por pura ignorância? Vai à padaria de carro, usa o vaso sanitário como lixo e não tem a menor consciência de que está se autoenvenenando. Consumir é contribuir com o aquecimento, pois para produzir, polui-se. Muitos até sabem o que estão fazendo. Mas como a desgraça ainda não bateu à sua porta, ainda têm a ilusão de que "não vai acontecer comigo".
O primeiro passo para uma grande mudança é o conhecimento de todos sobre suas razões e consequências. Assim como faz uma empresa para alcançar seus objetivos, salvar o planeta também deve ser encarado como uma MISSÃO, arraigada a cada atitude. E todos os "funcionários" devem estar na mesma "vibe", trabalhar em conjunto. Pois se o egoísmo prevalecer, o prejuízo virá para todos. Infelizmente, atinge primeiro o "chão-de-fábrica", mas acaba alcançando a diretoria. Daí, é irreversível.
A COP 15 é válida para garantir a participação de todos. Mas a solução começa por aqui, por aí, pela casa do vizinho. Cada um no seu quadrado, mas fazendo a sua parte no globo. Não adianta esperarmos uma solução milagrosa vinda da Dinamarca, pois os óxidos, monóxidos e dióxidos que já exalamos até hoje não vão sumir. E nem adianta por a culpa nos americanos. Eles são (ir)responsáveis, claro, mas o "castigo" virá e já está aí: compartilhado, mesmo que você seja (será?) um inocente, na história.    

Veja também o vídeo: "O consumidor é quem manda" (no aquecimento global)

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Orgulhosamente covardes


"Elisa, por que você não fala do Brasileirão no seu blog?" foi a pergunta que um leitor (bastante crítico, aliás) me fez. De início, pensei em responder: "porque não seria agradável, a 100% dos internautas, ver mais um vangloriando o Flamengo". Mas não foi o que eu disse a ele. Não abordaria o tema porque, até então, o Campeonato estava sendo bem digerido. Exceto os engasgos diante da selvageria nos estádios, mas que já não espantam, apenas repelem para longe. Por isso, respondi apenas que se eu fosse refletir sobre o futebol, acabaria chegando à conclusão de que, por um time, não vale colocar em risco nossa saúde cardíaca.
Então veio o episódio do estádio Couto Pereira, que sofreu interdição após vandalismo e tentativas de assassinato (convenhamos!) dos torcedores (denominação afável para designar os doentes mentais que praticaram a ação). E as imagens sensacionalistas, aproveitadas inúmeras vezes para decolar a audiência, ganharam uma finalidade mais nobre: identificar os agressores. Incrível como ninguém pensou nisso antes. Mas em um dos casos, nem precisava... um coritibano estava na academia, se orgulhando da "coragem" exibida no estádio, sem sequer imaginar que um PM estava no local, ouvindo tudo (leia no Globo). Pois, sim. O rapaz estava se orgulhando! Desenvolvendo os músculos, atrofiando o cérebro... o tipo de pessoa que tem muita contribuição para oferecer ao mundo, certo? Ele não foi ao estádio para torcer. Foi lá para exacerbar um espírito enrustido de diabo da tasmânia ou sabe-se lá o quê. E tudo isso por trás do "argumento" de torcedor.
O Brasil é o país do futebol por seu mérito, por sua habilidade. Pela paixão que une os amantes de um  clube no mesmo tom. Promove uma força invisível, mas que sempre se reflete nas chuteiras do gramado. Não há como negar, mesmo sendo piegas. Pena haver quem utilize essa união para fins desprezíveis. A união que faz a beleza de um estádio também é a união que encoraja os covardes. Como o rapaz, referido acima. Peça-o para avançar sozinho e, depois, quem sabe, haverá um motivo para se orgulhar. Seria melhor, mesmo, ter se preparado assim. Pois numa cela superlotada, é isso mesmo que ele vai ter de fazer.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Piada infeliz, reações desconexas


50 prostitutas e meio quilo de cocaína. De acordo com o ator Robin Williams, foi com o envio desse "presente" que o Rio ganhou a disputa pela sede das Olimpíadas (veja no youtube).  Será que ele se baseou na própria conduta? Porque, claro, seria uma proposta tentadora para um viciado (talvez se tivessem lhe enviado um “teco”, ele não estaria tão insatisfeito). Mas, brincadeiras à parte, a que essa cena nos remete? Piadinha de mau gosto... deboche de estrangeiro... ironia... ops! Parece até brasileiro falando. Sem querer isentar de culpa esse saudosismo distorcido ao palhaço do filme Patch Adams, vamos a uma observação: as opiniões no Twitter estão mais ou menos “equilibradas”.
Tem gente que diz “eu gostava do Robin Williams. Até ontem”. Tem quem o ofenda. Tem quem  mostre que ficou ofendido, fazendo questão de dizer que não está nem aí. Mas a opinião que mais me chamou a atenção foi: “a piadinha é um estereótipo bobo. Mas a reação por aqui está sendo também, um clichê nacionalista só”. E isso não é verdade? Quem nunca fez piada de português, argentino, colombiano... que atire o primeiro tomate! Por que estamos tão ofendidos? Se estivéssemos no lugar dele, faríamos o mesmo. Com o nosso país ou com o país dos outros.
A piada de Robin Williams me lembrou um e-mail que recebi há algum tempo.  É o “jeitinho brasileiro” de que tanto nos orgulhamos, mas esconde uma vergonhosa desonestidade que pode ser atribuída a 95% da população. Vejamos um resumo.
Brasileiro...
  • saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas
  • suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração
  • troca voto por qualquer coisa: cimento, dentadura...
  • fala no celular enquanto dirige
  • trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento
  • dirige após consumir bebida alcoólica
  • fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas
  • pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho
  • faz gato de luz, de água e de tv a cabo
  • quando viaja a serviço, se o almoço custou R$ 10, pede nota de R$ 20
  • estaciona em vagas exclusivas para deficientes
  • adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado
  • leva das empresas onde trabalha: clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo (sem falar nas festas de casamento e afins)
  • falsifica tudo, tudo mesmo! Só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado...
Agora me responda se a reação ufanista se justifica? Pois o “relato” sobre prostitutas e cocaína como suborno provocou risos. Mas é algo impossível de acontecer?
Por que será que jamais ficamos escandalizados também com cada uma das cenas descritas acima? Por que agora, no suposto caso das Olimpíadas, não fazemos como de costume e rimos da própria malandragem? Robin Williams, meu caro... sua piada me doeu, como brasileira. Mas doeu mais ainda quando concluí, ao final deste post, que ela faz o maior sentido =(

Foto: Babble.com

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Maurício de Souza e a polêmica do personagem gay

Preconceito é daquele jeito: todo mundo acha que não tem, só porque tem um colega "pretinho" gente boa, ou coisa assim. Mas basta estar diante de algo exótico, que a rejeição logo estampa na testa. Vamos ver o que o internauta vai achar nesse caso...
Maurício de Sousa causou polêmica com a sexta edição da revista Tina (veja imagem no site Omelete, antes de prosseguir). Embora o autor diga que a interpretação cabe ao leitor, temos de convir que todo mundo conclui que o personagem é mesmo homossexual, vide a cara de espanto do namorado de Tina. Daí surge a questão: este conteúdo é adequado aos leitores da revista? Partindo do pressuposto de que os personagens da Turma da Mônica são apreciados por crianças, você ofereceria a revista a seu filho? Confesso que não sei se posso responder com toda a certeza. Talvez sim, porque pretendo dar aos meus uma educação que permita uma interpretação "natural" do assunto (embora na prática isso não seja tão simples). Talvez não, porque poderia confundir sua cabeça. Talvez sim, porque crianças não entenderiam a história... bem, isso  combina com o próprio argumento de Maurício de Sousa: de que o público da revista Tina é jovem, diferentemente dos pequenos que leem Mônica, Cebolinha, Cascão...
Nesse caso, já mudamos de pressuposto: e se os leitores de Tina são mesmo "adultos-jovens", como afirma o autor? Creio que a intenção das histórias é educar entretendo, promover um entendimento das diferenças. Você que leu revistinha a vida inteira, já encontrou alguma coisa de errado nos personagens da Turma? Eu também não. Mas há quem alegue existir uma "apologia" ao homossexualismo no contexto. Isso é absurdo. Primeiro, porque a referência é sutil. Segundo, porque não há como fazer apologia em um caso como esse. Ninguém escolhe se quer ou não ser gay. Ou é ou não é! Uma história em quadrinhos define isso? Claro que não, nem nunca vai definir.O máximo que pode acontecer é estimular alguém a "sair do armário". E isso é ótimo: pessoas que se assumem são comprovadamente mais felizes.
Acho que estamos nos precipitando, especialmente por se tratar de alguém com tanto crédito como Maurício de Sousa. O que ele fez foi representar o que acontece diariamente em qualquer lugar. Em conjunto com uma boa educação, isso pode preparar muitos adolescentes a encarar as diferenças de outra forma. Não precisamos de gente pra queimar índios pataxós por aí, obrigada. E se gosto realmente não se discute, respeito é fundamental.
Foto: Omelete

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Dica de Livro: "A Era do Escândalo"


As 518 páginas podem assustar. Mas, uma vez dentro do primeiro capítulo de "A Era do Escândalo", Mário Rosa e os relatos de seus personagens te fisgam pelos olhos. E pela imaginação. Mais que lições sobre crise imagem, o livro convida a viver o dilema de pessoas e corporações que tiveram sua reputação levada a baixo de zero. São relatos de quem viu e sofreu na pele o massacre da mídia, incluindo casos como a queda do voo 402, da Tam, os bastidores da crise de energia em 2001 e o afundamento da maior plataforma da Petrobras. Há ainda o relato de Glória Pires para o drama que começou com uma simples fofoca. E, claro, escândalos políticos, como o que atingiu o ex-ministro da saúde Alceni Guerra.

Aprendemos como as crises de imagem pública podem ser superadas e quais erros podem ser fatais. Um livro para profissionais de comunicação e para qualquer um que aprecie uma boa história. Mas, o mais importante: um livro que desfaz por completo a ilusão de que a mídia está em busca da verdade. Os erros são grosseiros, muitas vezes propositais e demonstram que mesmo os veículos mais críveis do país estão a anos-luz do Código de Ética que rege o jornalismo. Tudo em detrimento dos "alvos" que ilustram as capas e do público que consome as informações contidas.

Nome: A Era do Escândalo
Autor: Mário Rosa/ Editora: Geração
Foto: relativa.com.br

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Geisy Arruda e a "saia justa" dos alunos da Uniban


Geisy Arruda. Este caso é mesmo indigesto. O Sonrisal não vai adiantar, precisamos logo de um Eparema. Que a mídia é tendenciosa, isso todo mundo sabe. Objetividade jornalística é utopia e o jornalismo cívico, aquele que presta serviço ao público, nem deve procurá-la. No caso do Fantástico, por exemplo, a intenção de entretenimento é clara. Portanto, nem precisamos comentar que, na notícia sobre a estudante agredida por usar uma roupa "curta", a escolha de Glória Kalil como entrevistada foi muito coerente. Coerente com os padrões do programa. Pois o público está mesmo interessado em saber a opinião de uma consultora de moda, o rosa-choque do vestido não parece ser a tendência do verão 2010...
Mas isso nem foi a parte que me entalou na garganta. Foram os outros alunos da Uniban, "colegas" de Geisy e, portanto, agressores da estudante. Pois se não a agrediram fisicamente, agrediram verbalmente. O que foi aquilo que disseram, meu Deus? Depois de ser expulsa da unidade pela direção e depois novamente admitida, a garota deve estar pensando em mudar de país (e de trajes, claro). E o que seus colegas acham da readmissão: a faculdade vai ficar mal-vista. Espera aí... quem foi mesmo que fez o caso virar notícia? Quem foi mesmo que cometeu o vandalismo inescrupuloso que chamou atenção da mídia? Uma garota com vestido "curto" seria noticiada por si só? Claro que não. Mas sim o julgamento arbitrário dos estudantes.  A punição que acharam de direito infligir sobre Geisy. Se a garota está errada ou não, não vem ao caso, no momento. Pois nada justifica o linchamento social sofrido por ela, já que a suposta punição cabe à justiça. Mas agora que o caso ganhou até repercussão internacional, a má fama da faculdade está preocupando! Ninguém vai conseguir emprego, depois de formado... que tragédia. Agora, pergunto: existe espaço pra vândalo no mercado de trabalho? Os estudantes não deveriam estar tão preocupados, pois são agentes acima da lei, certo? Façam o favor, estudantes da Uniban: larguem as pedras e apanhem os livros. Acho que nunca pensaram nessa solução.

Foto: Portal GM
Indico também a interpretação do cientista político Diogo Tourino

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Mais pet shops do que padarias... por que será?


Visualize a seguinte cena: um mendigo rodeado de trapos sujos e alguns pertences de utilidade discutível, deitado no chão, sob um sol escaldante. Até aí, nada diferente do que se vê em toda cidade. A não ser por um detalhe: o travesseiro. Aquele mendigo atrapalhando a passagem num bairro nobre de Juiz de Fora chamava atenção por estar "utilizando" um cachorro para recostar a cabeça. O animal sequer se incomodava. Dormia tranquilo e sereno. Passei por eles e fiquei dividida entre um sentimento de pena e um sorriso enternecido. Escondi o sorriso, pois poderiam confundi-lo com deboche. Escondi também a vontade de tirar uma foto e compartilhar a cena com vocês, internautas. Então me limitei à descrição por palavras, embora corra o risco de pecar por inverossimilhança.
Assim, lembrei-me da conhecida máxima "quanto mais eu conheço os homens, mais gosto do meu cachorro". Traduz exatamente o que eu sinto quando ouço, por exemplo, que uma criança de poucos meses foi achada no lixo ou que um filho matou o próprio pai. Chega a ser ridículo de tão inacreditável. E, paralelamente, vejo uma cena dessas, como a do cachorro, "realizado", junto ao seu dono esfarrapado. O cachorro escolheu aquele homem como companheiro, não pelo que ele pode vir a receber com isso, mas porque se sente bem dessa forma. Sem querer parecer piegas, mas já sendo: quantas vezes nosso interesse não fala mais alto? Ou melhor, grita estourando tímpanos?
É por isso que não entendo por que "cachorro" é uma forma de ofensa. Não deveríamos nos sentir humilhados com tal referenciação, mas sim o próprio animal. O mesmo vale para nomes de pessoas em cachorros. Uma prova da importância desses bichinhos esteve nas bancas: em julho, uma das capas da Revista Veja apresentava matéria sobre o alto número de pet shops em São Paulo: são 6000 só na capital, o que supera a quantidade de padarias da cidade. Embora a revista não tenha a minha confiança no que se refere à credibilidade das notícias, neste assunto específico, não duvido da veracidade dos dados. Por que não? Simples: estamos percebendo que ter cachorro é ter seu esforço e carinho retribuídos invariavelmente. É claro que existem muitos ultrapassando a finalidade de cuidado, ao levar seu cão no pet, e agem assim como uma forma de exteriorização da própria vaidade. Mas acredito muito que os números também se refiram à maior valorização do animal. Isto me deixa feliz: saber que muitas pessoas têm o prazer de chegar em casa e assistir a uma intensa comemoração de seu cachorro, inevitavelmente, estejam elas voltando da guerra ou da casa do vizinho. Já dizia a Pedigree: cachorro é tudo de bom. Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença... enfim! Case com um deles e seja feliz para sempre.

Foto: pequeno Bidu (in memorian). Também conhecido como Cotôco, Toby e, ainda, Pudim. 

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

O segredo das mulheres no banheiro


Recebi este e-mail de minha amiga Gracielle e achei legal compartilhar. É a maior verdade que já li nos últimos meses...

"O grande segredo de todas as mulheres com relação aos banheiros é que quando pequenas, quem as levava ao banheiro era sua mãe.. Ela ensinava a limpar o assento com papel higiênico e cuidadosamente colocava tiras de papel no perímetro do vaso e instruía: "Nunca, nunca sente em um banheiro público".
E, em seguida, mostrava "a posição", que consiste em se equilibrar sobre o vaso numa posição de sentar sem que, no entanto, o corpo não entre em contato com o vaso."A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, super importante e necessária, e irá nos acompanhar por toda a vida.
Quando você TEM  que ir ao banheiro público, você encontra uma fila de mulheres, que faz você pensar que o Brad Pitt deve estar lá dentro. Você se resigna e espera, sorrindo para as outras mulheres que também estão com braços e pernas cruzados na posição oficial de "estou me mijando". Finalmente chega a sua vez.
Você, então verifica cada cubículo por baixo da porta para ver se há pernas. Todos estão ocupados. Finalmente, um se abre e você se lança em sua direção quase puxando a pessoa que está saindo...
Você entra e percebe que o trinco não funciona (nunca funciona); não importa... você pendura a bolsa no gancho que há na porta e se não há gancho (quase nunca há gancho), você inspeciona a área... o chão está cheio de líquidos não identificados e você não se atreve a deixar a bolsa ali, então você a pendura no pescoço enquanto observa como ela balança sob o teu corpo, sem contar que você é quase decapitada pela alça porque a bolsa está cheia de bugigangas. Mas, voltando à porta.... Como não tinha trinco, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto, com a outra, abaixa a calcinha com um puxão e se coloca "na posição". Alívio...... AAhhhhhh.....finalmente... Aí é quando os teus músculos começam a tremer ... Porque você está suspensa no ar, com as pernas flexionadas e a calcinha cortando a circulação das pernas, o braço fazendo força contra a porta e uma bolsa de 5 kg pendurada no pescoço. Você adoraria sentar, mas não teve tempo de limpar o assento nem de cobrir o vaso com papel higiênico. No fundo, você acredita que nada vai acontecer, mas a voz de tua mãe ecoa na tua cabeça "jamais sente em um banheiro público!!!" e, assim, você mantém "a posição" com o tremor nas pernas... E, por um erro de cálculo na distância, um jato finíssimo salpica na tua própria bunda e molha até tuas meias!! Por sorte, não molha os sapatos. Adotar "a posição" requer grande concentração. Para tirar essa desgraça da cabeça, você procura o rolo de papel higiênico, maaassss, puuuuta que o pariuuuu...! O rolo está vazio...! (sempre)
Então você pede aos céus para que, nos 5kg de bugigangas que você carrega na bolsa, haja pelo menos um miserável lenço de papel. Mas, para procurar na bolsa, você tem que soltar a porta. Você pensa por um momento, mas não há opção... E, assim que você solta a porta, alguém a empurra e você tem que freiá-la com um movimento rápido e brusco enquanto grita TEM GENTE!!!
Aí, você considera que todas as mulheres esperando lá fora ouviram o recado e você pode soltar a porta sem medo, pois ninguém tentará abrí-la novamente (nisso,  nos respeitamos muito) e você pode procurar teu lenço sem angústia. Você gostaria de usar todos, mas quão valiosos são em casos similares e você guarda um, por via das dúvidas. Você então começa a contar os segundos que faltam para você sair dali, suando porque você está vestindo o casaco já que não há gancho na porta ou cabide para pendurá-lo. É incrível o calor que faz nestes lugares tão pequenos e nessa posição de força que parece que as coxas e panturrilhas vão explodir. Sem falar da porrada que você levou da porta, a dor na nuca pela alça da bolsa, o suor que corre da testa, as pernas salpicadas... A lembrança de tua mãe, que estaria morrendo de vergonha se te visse assim, porque sua bunda nunca tocou o vaso de um banheiro público, porque, francamente, "você não sabe que doenças você pode pegar ali"... você está exausta. Ao ficar de pé você não sente mais as pernas.
Você acomoda a roupa rapidíssimo e tira a alça da bolsa por cima da cabeça!.... Você, então, vai à pia lavar as mãos. Está tudo cheio de água, então você não pode soltar a bolsa nem por um segundo... Você a pendura em um ombro, e não sabendo como funciona a torneira automática, você a toca até que consegue fazer sair um filete de água fresca e estende a mão em busca de sabão. Você se lava na posição de corcunda de notre dame para não deixar a bolsa escorregar para baixo do filete de água... O secador, você nem usa.
É um traste inútil, então você seca as mãos na roupa porque nem pensar usar o último lenço de papel que sobrou na bolsa para isso. Você então sai. Sorte se um pedaço de papel higiênico não tiver grudado no sapato e você sair arrastando-o, ou pior, a saia levantada, presa na meia-calça, que você teve que levantar à velocidade da luz, e te deixou com a bunda à mostra!
Nesse momento, você vê o teu carinha que entrou e saiu do banheiro masculino e ainda teve tempo de sobra para ler um livro enquanto esperava por você. "Por que você demorou tanto?" pergunta o idiota. Você se limita a responder "A fila estava enorme". E esta é a razão porque as mulheres vão ao banheiro em grupo. Por solidariedade, já que uma segura a tua bolsa e o casaco, a outra segura a porta e assim fica muito mais simples e rápido já que você só tem que se concentrar em manter "a posição" e a dignidade.Obrigada a todas as amigas que já me acompanharam ao banheiro."

Faço minhas as palavras desta autora desconhecida e de incrível senso de humor. Que todas as mentes machistas tomem conhecimento desse fato e se compadeçam do nosso suplício.
Foto: Bloglog

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Nova pílula do dia seguinte... pra diminuir o número de abortos?


A questão da pílula do dia seguinte só não é mais complexa porque, no Brasil, ela é um medicamento legalizado. Pode ser adquirida em qualquer farmácia, a um custo baixo. E desse aspecto, parece que as pessoas subentendem a frase "pode usar à vontade, minha filha". Com isso, todo mundo que transa sem camisinha por aí se sente no direito de remediar a dor do arrependimento com uma pilulazinha que também funciona como calmante para as horas de desespero. Só que o buraco é mais embaixo.
Vi no Jornal do SBT, sexta passada (16), que uma nova pílula do dia seguinte está para entrar no mercado europeu. Em dose única, ela tem eficácia se tomada até cinco dias depois da relação sexual (a vendida no Brasil funciona até o terceiro dia), mas o consumidor só poderá adquiri-la com receita médica. Ufa! Menos mal. Esses europeus são mesmo sensatos. Mas, para minha decepção (ou dúvida), um pesquisador se pronunciou sobre a nova pílula. Para ele, as mulheres devem decidir sozinhas se tomam ou não, em cada caso, pois a liberdade de escolha "diminuiria o número de abortos". Nessa hora, eu me pergunto: mas a pílula do dia seguinte já não é um aborto por si só? Faz mesmo diferença matar um feto com cinco dias ou com um mês? A resposta envolve conhecimentos médicos, crenças espirituais e (por isso) polêmicas, que não cabem ser discutidas aqui (não agora). Mas na minha humilde ignorância sobre medicina, imagino que acreditar na vida somente quando bate um coração é não acreditar no reino vegetal como criaturas vivas. Aliás, nisso já não acreditam mesmo.
E admito que posso estar errada. Mas será que essa "liberdade de escolha" para tomar a pílula ou não, também não resultaria em imprudência e uso indiscriminado? Afinal, estariam disponibilizando, de bandeja, um instrumento que, abortivo ou não, comprovadamente prejudica o organismo feminino. Acho que o ponto principal está aí: a liberdade pode e deve, sim, ser oferecida. As "facilidades" da vida também. Mas, antes disso tudo: educação e instrução sobre o que está em jogo. Ninguém coloca uma  faca na mão de uma criança, pois se ela furar o olho de seu cachorro a culpa vai ser de quem a entregou o objeto. O mesmo acontece com a tal pílula. Se o povo não tem discernimento para sequer prevenir uma gravidez, o terá na hora de cometer um possível crime? Antes tarde do que nunca... que as "lamparinas do nosso juízo" se acendam e ascendam.
Foto: O Globo


sexta-feira, 16 de outubro de 2009

As "práticas" sacolinhas de supermercado


O Jornal Nacional exibiu ontem (16 de outubro) uma matéria sobre a eliminação progressiva da utilização de sacolinhas plásticas em supermercados. Uma senhora, ao ser questionada sobre o uso de tais utensílios, respondeu, amável, para a câmera: "Elas são práticas, né?". Quem assistiu apenas à velhinha no início da matéria, com certeza se convenceu da inocência pura e simples de utilizar uma humilde sacolinha pra carregar suas compras. Nesse momento, me veio à cabeça: quantos milhões de brasileiros também não acreditam na "praticidade" das sacolinhas? O problema está aí: de inocente, elas não têm nada. A começar pelo risco de sufocamento, uma arma branca disfarçada com o uniforme do supermercado. Claro que não a eximo do caráter prático. Aliás, a praticidade é tanta que eu mesma não consigo me livrar completamente de voltar do mercado sem pelo menos uma delas. Mas se paramos pra pensar, são exatamente as coisas práticas que estão aniquilando o que ainda resta do meio ambiente. É o descartável. Se propaga como chuchu na cerca e polui mais do que conseguimos calcular. Quantos copos não são utilizados em milhões de consultórios médicos e escritórios todos os dias, sendo que nem existe tecnologia para, sequer, reciclá-los? E quantas malditas sacolinhas, que muitas vezes vemos boiando sobre a água, entupindo redes de esgoto e impedindo de escoar a água que provoca as enchentes (e afoga essas mesmas pessoas que poluíram)? O problema do ser humano é muito simples, mas também fatal: egoísmo. Que se danem as gerações vindouras, eu vou morrer de qualquer jeito, mesmo! Só que essa máxima já deixou de valer. O "futuro" está acontecendo, e estamos vivinhos da silva. Por enquanto. As pessoas acham que estão sendo boazinhas, tendo pena dos pandas em extinção ou ligando pro Criança Esperança pra doar cinco reais. Isto é, sim, a famosa "caridade". Mas será que esses "gestos de amor" são suficientes pra compensar cada pequeno crime diário contra a natureza? Comecemos a repensar nosso conceito de bondade. E olhar de outra forma pra sacolinha já é um bom começo.

domingo, 4 de outubro de 2009

Jornalistas X Cozinheiros: quanta semelhança

Só pra retomar, no dia 16 de junho de 2009, o Supremo Tribunal Federal acabou com a exigência do diploma para o exercício da profissão de jornalista. O Ministro do STF, Gilmar Mendes, chegou a comparar os profissionais da mídia com "cozinheiros", numa analogia sem cabimento algum. A decisão arbitrária se resume em dois fatores: interesse político e ignorância. O primeiro nem precisa de explicação. O segundo reflete a simples e fatal ausência de conhecimento sobre o papel social do jornalismo na sociedade. Sem jornalismo sério, voltamos (ou será que nunca saímos?) ao tempo do coronelismo, quando o povo sem informação, sem opinião, e sem critérios era fantoche nas mãos dos governantes.
Se, hoje, nem o diploma é garantia de profissionalismo, como ficamos sem este último recurso? Caro Gilmar Mendes, jornalista nunca pode nem poderá ser comparado a cozinheiro, porque os efeitos da "comida malfeita" não atingirão o único que a consumiu, mas sim a um país inteiro, que sofrerá com uma disenteria chamada alienação. Sem falar no formato das notícias, pois mesmo prezando pela transparência e pelo interesse público, só um jornalista capacitado poderá apresentar as informações da forma correta. Se o "prato" não atrai a atenção, o público ficará ainda menor, mesmo que isso pareça impossível no Brasil (não é novidade que brasileiro não é chegado a ler jornal).
Sendo assim, desregulamentar a profissão de jornalista é, como se diz, dar um tiro no pé. É abrir espaço para qualquer um tomar conta da opinião pública. É entregar a mente do brasileiro de bandeja. Espero que o STF caia em si, a tempo de salvar o que já está à beira do poço.

sábado, 3 de outubro de 2009

Alguns empurrõezinhos

A iniciativa de criar um blog partiu de vários pontos. Citemos alguns:
- minha preocupação com o egoísmo do ser humano, que não o permite qualquer consciência ambiental sem que recorra o pensamento "o que eu vou ganhar com isso?"
- minha missão como jornalista (se eu não sei formar opiniões, que eu pelo menos faça um leitor debochado feliz)
- minha vontade de aparecer. É, isso mesmo... todo mundo deveria assumir isso. Pelo menos, quem acha que sabe fazer alguma coisa de útil na vida. E quem acha que não sabe, deveria procurar.

E, embora este não seja o assunto mestre neste blog (ou pelo menos espero que não), não posso deixar de mencionar o fato principal que me motivou a mostrar a cara. Aquele que funcionou como "a gota d'água", ou digamos, um "acorda, criola" pra sair da inércia: a queda do diploma. Tratemos do assunto com mais detalhes no próximo post...

terça-feira, 29 de setembro de 2009

(In)Digestão Midiática: com os cozinheiros nas redações, quem sabe as notícias não descem melhor...

Quer saber do que trata esse blog? Pois bem... este é um blog de jornalista. Não "destinado a" jornalistas, mas "escrito" por quem às vezes se cansa de tentar ser imparcial e precisa soltar o que fica engasgado na goela. Já dizia minha mãe "é melhor ficar vermelho uma vez, do que amarelo a vida inteira". E pra isso estou aqui. Pra compartilhar com vocês, internautas, minhas opiniões frequentemente indignadas, mas que podem ser suas também. Podemos ficar vermelhos juntos, mas nunca amarelos, nem roxos de sufocamento. Vermelho até que está na moda, haja vista as menininhas na puberdade que saem para o colégio com seus blushes e batons num estilo circense de ser. O que não pode predominar é a inércia corrosiva de quem fica calado diante de tantas... barbaridades. Talvez seja essa a palavra. Talvez não, pois os bárbaros, ao menos, eram eles mesmos. Hoje em dia os assassinos se disfarçam até de mãe.
Enfim, este blog é pra quem tem dificuldade de digerir certas coisas que estão na mídia. Pra quem precisa de um "tapinha nas costas", seja pra engolir, seja pra cuspir de vez aquilo que não desce de jeito nenhum. Nossa amiga internet, com tudo que tem de bom e de ruim, também está aí pra isso: manifestação. Vamos botar a boca no mundo, antes que ele faça o contrário.